Trata-se de uma criação artística desenvolvida no âmbito do projeto Nortear, tendo por base o conto homónimo vencedor da IV edição do Prémio Literário Nortear.
A criação sonora com forte inspiração na história “Ver”, de Sara Brandão, baseia-se em determinados eventos chave da vida Alfredo, personagem principal. Alfredo nasceu invisual e o seu caminho toma um rumo inesperado quando decide fotografar a cidade com uma câmara pertencente a seu pai. A personagem criada por Sara Brandão, numa narrativa simples, mas verdadeira, confronta-nos com aspetos essenciais da vida e a cegueira de Alfredo serve de metáfora para expor certas formas de vida.
Esta metáfora inspirou sem dúvida a equipa criativa deste espectáculo que estabeleceu desde o início o formato de instalação-concerto. O intuito é o de explorar a imprevisibilidade dos eventos musicais por intermédio da interactividade dos músicos com o meio electrónico, onde a música se vai construindo passo a passo ou apalpadela a apalpadela.
Para tal, a obra foi concentrada numa instrumentação base constituída por violino, clarinete, trombone e electrónica. Esta instrumentação oferece um registo alargado explorando assim sonoridades graves e agudas. Também, o facto de serem de famílias díspares possibilita uma maior exploração tímbrica.
Da criação musical: os músicos, dispersos no palco, seguem não só as indicações precisas na partitura como interagem com aquilo que a electrónica sugere como discurso musical. Esta escolha é feita por intermédio de objectos/controladores em pontos estratégicos no espaço, que serão posteriormente processados no computador e difundidos em altifalantes dispostos na sala de concerto.